A importância de um presidente

Foram os rebeldes norte-americanos que inventaram o presidencialismo. Logo após a guerra de independência contra a poderosa Inglaterra, iniciada em 1776, os ex-colonos fundaram os Estados Unidos da América e criaram o sistema presidencialista que terminou inspirando todos os países da América Latina. O Brasil foi o último país latino-americano a adotar esse modelo.

Ser presidente é ser uma espécie de rei escolhido por seus conterrâneos para exercer o poder por um determinado período. Sempre temerosos de uma ditadura, os norte-americanos também estabeleceram a prerrogativa de um impeachment do presidente, forma de cassar o mandatário, caso ele não obedecesse à Constituição.

Os Estados Unidos são a principal nação capitalista do planeta. Desde a implantação da Doutrina Monroe em 1823, que tinha por princípio a “a América para os americanos”, o país tem desenvolvido ações beligerantes e intervencionistas nos países latino-americanos.

Os presidentes americanos, sejam do Partido Republicano ou do Partido Democrata, têm interferido sistematicamente na política interna dos países vizinhos. Nas décadas de 1970 e 1980, respaldaram violentas ditaduras militares. Mesmo assim, a democracia presidencial norte-americana tem sido considerada a mais sólida e longeva das Américas.

A democracia liberal está em crise no mundo todo. Ela sofre ataques sistemáticos de grupos de extrema direita na Europa, na América Latina e, principalmente, nos Estados Unidos e no Brasil. As vitórias de Donald Trump em 2016 e de Jair Bolsonaro em 2018, nas duas maiores democracia das Américas, apontaram que há uma corrosão sistémica do modelo democrático.

Mas houve uma forte reação popular. Tanto Trump quanto Bolsonaro perderam a reeleição presidencial para candidatos nitidamente democráticos. O encontro entre Lula e Biden demonstram que eles formaram uma aliança política para barrar a ascensão da extrema direita no continente. E isso é positivo para a sobrevivência da democracia.

O presidencialismo tem falhas e apresenta mecanismos autoritários para o exercício do poder. Precisa ser revisto e atualizado. Mas é inegável a sua força e importância quando está sob o império da lei e submetido aos princípios democráticos.