Opinião

Na Paraíba: Lula não se pronuncia mas dá recado em alto e bom som

Na Paraíba pela primeira vez desde que foi eleito para o terceiro mandato como presidente da República, Lula foi recebido, em Campina Grande, pelo prefeito Bruno Cunha Lima (PSD). Bruno não apoiou Lula nas eleições. Estava com Bolsonaro, mas isso são águas passadas, afinal, as eleições acabaram.

A fotografia que ilustra esta análise é mostra que a boa política é também a capacidade de aglutinar forças, independentemente das diferenças ideológicas – o contrário da antipolítica que alçou o bolsonarismo ao poder e que nega o diálogo republicano característico do campo democrático.

Quando Lula recebe e é recebido por adversários coloca os interesses do país à frente das querelas e picuinhas pessoais. Essa é a diferença de um estadista para um político medíocre, que investe no conflito, não na construção e na soma.

O evento do qual Lula participou era privado, mas seu tamanho justifica a presença do presidente. Vejamos:

1) é o primeiro complexo híbrido do Brasil, com geração de energia solar e eólica, e capacidade para abastecer 1,3 milhão de imóveis por ano no país – não é pouca coisa.

2) os 15 parques eólicos com 228 mil painéis solares geraram 3.660 empregos diretos e indiretos, com 40% de aproveitamento da mão de obra local, atendendo, assim, a necessidades locais de ordem social e econômica;

3)  o complexo aumenta a eficiência energética do país e coloca a Paraíba na vanguarda da corrida por fontes renováveis. Estamos falando de energia limpa em um momento em que o mundo debate a importância de adaptação aos eventos climáticos extremos.

E voltando à articulação política…  Lula acerta quando demonstra essa predisposição ao enfrentamento das tensões com partidos e políticos do campo adversário por meio do diálogo e da boa vizinhança. Não há espaço ou sentido no conflito visto que Lula precisa de apoio para tocar as pautas necessárias ao crescimento do país e para fazer valer o programa de governo apresentado na campanha e aprovado nas urnas.

Quando encontra com prefeitos bolsonaristas – como Bruno -, quando abraça, tira foto e os enxerga e escuta, Lula deixa claro que o tempo é de trégua e cumpre o que prometeu: ouvir  todos os gestores sem olhar para as escolhas destes no passado. Sem qualquer pronunciamento, Lula deu um recado: é o presente que importa porque é o futuro que está em jogo.  A ordem é trabalhar por um Brasil de todos. Não um Brasil que esteja acima, inatingível para a maioria, mas que seja capaz de atender aos seus de acordo com suas necessidades. Pra isso a política, da boa.