Opinião

Silêncio e conflitos: o dilema do PL na Paraíba

O PL (Partido Liberal) da Paraíba vem sendo palco de conflitos e intrigas. A passagem de Michelle Bolsonaro neste fim de semana por João Pessoa e Cabedelo acentuou a tensão. A ex-primeira-dama esteve no estado para atrair novas filiações e empossar Simone Queiroga, mulher do ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No sábado (15), Michelle se encontrou com o deputado federal Cabo Gilberto, o vereador Carlão pelo Bem e o radialista Nilvan Ferreira, e testemunhou de perto o alto grau de desentendimento no partido local.

Os atritos dentro do PL têm como principal alvo o deputado Wellington Roberto, presidente estadual da legenda. Partiu dele o nome de Marcelo Queiroga para disputar a prefeitura de João Pessoa em 2024. Nome que foi bem recebido pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, e pelo ex-presidente Bolsonaro. E vale registrar: Michele é uma entusiasta da pré-candidatura de Queiroga. É apontada, inclusive, como madrinha do médico paraibano nesse projeto.

Nilvan e Cabo Gilberto, fervorosos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, não poupam críticas a Roberto pelo que chamam de projeto autoritário, vejam só! Já chegaram a acusá-lo de traição. Nilvan, aliás, foi processado por Roberto por difamação. São dois processos que afastam, por óbvio, qualquer chace de conciliação.

Queiroga tenta passar ao largo, incólume, como se fosse possível evitar os estilhaços. Ao que parece, o estrago já está feito. No evento que a trouxe à Paraíba, Michelle eleogiou o ministro mas não falou no pré-candidato. Talvez para evitar mais atrito. Há que acredite – e defenda -, porém, que o silêncio tenha sido resultado da “pulga” que o Cabo, Carlão e Nilvan plantaram na cabeça da ex-primeira-dama. Seria uma ameaça pra Queiroga, que estava, diga-se de passagem, na primeira-fila do encontro junto com Wellington Roberto.

Sendo uma coisa ou outra, a questão é que o o PL paraibano reflete e resume justamente a confusão bolsonarista. Por força do partido, os que têm mandato podem ter que engolir Roberto e Queiroga. Virgulino, o Wallber, já cedeu: “voto até num cachorro se Bolsonaro mandar”, disse. Vindo de Wallber, zero surpresa.

Resta saber de Nilvan, que segue defendendo a própria candidatura por entender que tem votos pra isso e corre o sério risco de ficar isolado.