Ele é “imprendível”?

Sejamos justos. Jair Bolsonaro sempre se manteve coerente com suas convicções antidemocráticas. Ao longo da sua longa e improdutiva vida política, ele nunca apresentou um projeto para aprimorar a democracia e, ao chegar ao poder, seja como deputado federal, seja como presidente, sempre exaltou a ditadura militar e seus torturadores fardados.

No ano de 2022, diante da iminente derrota eleitoral, a conspiração golpista orquestrada por Bolsonaro atingiu a temperatura máxima. As estarrecedoras revelações do general Freire Gomes (ex-comandante do exército) e do brigadeiro Carlos de Almeida (ex-chefe da Aeronáutica) indicam que Bolsonaro e seus auxiliares agiam explicitamente contra as instituições democráticas e queriam dar um golpe de Estado.

As denúncias vindas de oficiais de alta patente são gravíssimas. Com seus posicionamentos pela legalidade institucional, eles conseguiram barrar a trama golpista e assegurar a normalidade democrática. Em virtude das suas respectivas posições e trajetórias, não podem ser acusados pelos bolsonaristas de “comunistas a serviço de Cuba”. Apenas o almirante Almir Garnier (ex-comandante da marinha) respaldou as ações antidemocráticas do grupo palaciano.

Em 2021, no auge do seu poder e prestígio, Bolsonaro cunhou bizarrices verbais pra exaltar o seu machismo explícito. Os neologismos “imbrochável”, “incomível” e “imorrível” causaram furor e êxtase entre os bolsonaristas mais fervorosos. Vamos ver se agora, diante dos avanços das investigações da Polícia Federal e do cerco da justiça, o ex-presidente golpista vai dizer que também é “imprendível”.