Flávio Dino: três em um

Enquanto escrevo estas linhas, estimado leitor, prezada leitora, o Brasil está vivendo um fato raríssimo na história: Flávio Dino, ministro da justiça, que também é senador da República, foi eleito pelo Senado para ministro do Supremo Tribunal Federal.

Política é arte e também ciência. Cérebro e coração. O bom político é acrobata e engolidor de fogo, tudo ao mesmo tempo. Por que não dizer também um pouco sadomasoquista? Dor e prazer. Bater e apanhar faz parte do jogo político. Haja adrenalina!

Muitos sonham em ter sucesso na política. Pouquíssimos conseguem uma carreira brilhante. As disputas são acirradas, os egos são imensos, as ambições desmedidas e as traições, uma constante. Sobreviver nesse cenário de guerra permanente é para poucos. Eu diria pouquíssimos!

Flávio Dino conseguiu quase tudo na vida pública. Ocupou cargos relevantes nas três esferas do poder: executivo, legislativo e judiciário. Foi juiz federal, deputado federal, governador, senador, ministro da justiça. E agora ministro do STF.

Falei quase tudo. Talvez, no íntimo, ele ainda sonhe com a presidência da República. Sonho adiado, mas não de todo descartado. Quem sabe…

Maquiavel, o pensador florentino que nos abriu os olhos para a política como ela é, nos alertou que, para conseguir e manter o poder, o príncipe precisa da Virtú (as qualidades do líder) e a Fortuna (a conjuntura histórica).

O agora ministro do STF Flávio Dino demonstrou ter características políticas para estar no lugar certo na hora certa, sem abrir mão dos princípios democráticos que sempre defendeu.

Com a indicação de Dino para uma vaga no STF, Lula colocou um aliado de longa data em um lugar estratégico para defender os princípios da liberdade, da igualdade e dos direitos sociais, tão atacados nos últimos anos.

Flávio Dino voltou à toga. O Brasil ganhou um defensor fervoroso, e aguerrido, da democracia. As sessões do STF não serão mais as mesmas.