O Brasil ainda não virou uma Argentina

O Produto Interno Bruto (PIB) expressa o valor de tudo que foi produzido em um país, ou seja, a soma da produção da industrial, da agricultura e dos serviços. Apesar das reservas que temos a este dado, devido à metodologia dos cálculos, ele é o melhor indicador do grau de riqueza de um país e serve de comparação entre os países, pois esta metodologia é utilizada por todos. No Brasil, temos um outro indicador, que serve de prévia para o PIB: o IBC-Br, que é calculado pelo Banco Central. Geralmente, há alguma diferença entre os dois indicadores, mas é sempre pequena e por isso este último serve de indicador antecedente. Para desgosto das aves agourentas, que previram o caos com a chegada de Lula ao Alvorada, o IBC-Br, para dezembro, mostrou uma alta de 0,8% e, para o ano de 2023, uma alta de 2,45%. Agora, as consultorias começam a rever apressadamente suas estimativas. O Banco Inter, por exemplo, alterou a sua de 2,9%, para 3,1%. O UBS BB, de 2,9% para 3,0%. O mesmo tem ocorrido com as previsões para 2024. Para este ano, até o Instituto Fiscal Independente (IFI), órgão do Senado Federal, reviu suas estimativas de crescimento de 1,2% para 1,6%, conforme publicado no Relatório de Acompanhamento Fiscal (RAF).

Como se explica este crescimento da economia? Temos falado que estamos na fase de crise do ciclo econômico e que isto dificulta os planos do governo de fazer o país crescer. É aqui que temos de levar em consideração os efeitos da política econômica.

A primeira coisa a destacar é o funcionamento do Estado. Estamos passando de um funcionamento zero para uma ação permanente dos órgãos do Estado. Isto significa mais compras, mais pagamentos, mais atividades que lançam dinheiro na economia. Temos ainda a queda dos juros, que facilita o crédito, e a queda da inadimplência. Além disso o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social voltou a agir ofensivamente no mercado, oferecendo mais crédito e assumindo novamente o papel de banco de desenvolvimento. Os ritmos da inflação estão se reduzindo. Ainda no campo dos financiamentos temos a comemorar a redução dos juros dos empréstimos consignados de 1,76 para 1,72. Lembremos também a PEC da transição, que deu condições para o novo governo iniciar suas atividades e para a cobertura dos rombos do orçamento deixados pelo governo anterior. Há ainda um outro fator, que inicialmente era considerado como desastre, mas agora mostra seu lado positivo: o pagamento dos precatórios, títulos de dívida emitidos pelo governo por decisão judicial, foi adiado pelo desgoverno anterior. R$92,4 bilhões deixaram de ser pagos em 2023. Desse montante, o governo Lula resolveu pagar R$30,1 bilhões logo agora em fevereiro. A questão é que, esta despesa está fora dos limites do teto de gastos, e se torna um forte estímulo para a atividade econômica, pois significa a injeção de um grande volume de dinheiro na economia. Para irritar ainda mais a aves agourentas do bolsonarismo, a arrecadação federal de impostos alcançou R$280 bilhões, em janeiro, o que significa uma alta real de 6,6% em relação a igual mês de 2023. Este aumento é atribuído à taxação dos fundos exclusivos, ao ajuste das declarações de IRPJ e CSLL das empresas, ao aumento da massa salarial de 7,2%, que provocou um aumento das receitas previdenciárias de 7%, e a alta do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) de rendimentos do trabalho, que cresceu 8,7%. Estes últimos aumentos foram resultado do crescimento do emprego.

Mas há uma outra visão. O Boletim Macro da FGV-Ibre mostra-se mais cauteloso. Afirma que o mercado está prevendo “um pouso suave e relativamente rápido”, atribuído ao processo de desinflação e ao cenário externo. A FGV também se mostra preocupada com a meta de déficit zero para as contas públicas, uma vez que a política fiscal tem sido “expansionista” e este ano é ano de eleição. Fala ainda em “cenário desafiador” e prevê um enfraquecimento generalizado da atividade econômica. No entanto, no comércio o número de estabelecimentos cresceu de 2,33 milhões para 2,52 milhões, crescimento considerado modesto.

Tudo isto são fatos que os mala-e-feios reunidos aos gritos histéricos na avenida Paulista não conseguem apagar. É lamentável que uma parcela da população ainda se deixe levar por esta histeria ideológica que, apesar de todo o barulho que consegue fazer, não está conseguindo impedir o país de continuar seu caminho para a frente.

Mas, há fatores externos que têm grande repercussão na economia do país. Mal tendo ultrapassado as perturbações da pandemia, surgem os grandes conflitos militares, que provocam uma grande reviravolta nas relações entre os países e a desorganização completa das cadeias mundiais de valor, do comércio internacional e do processo de globalização, sem a qual o capitalismo de hoje se torna inviável. A ação militar da Rússia na Ucrânia criou uma grande fratura entre ela e o ocidente, começando com o bloqueio de US$ 300 bilhões de reservas, que estavam depositadas nos bancos ocidentais, em flagrante violação das regras do sistema capitalista e criando uma desconfiança geral no sistema financeiro internacional. Mas este não foi o pior problema. Subiram os preços de algumas commodities como grãos, petróleo, gás e fertilizantes. A inflação passou a acelerar, e os juros subiram. Desacelerou a produção e a demanda mundiais. A Alemanha teve crescimento negativo e a União Europeia teve crescimento zero.

Todos estes fatores prejudicaram a economia do país, mas, apesar de tudo, houve crescimento, e agora o IBGE divulgou seus cálculos para o PIB de 2023: o surpreendente número é 2,9% sendo superior ao previsto pelo IBC-Br.

Aplaudimos este resultado, mas não podemos encerrar este texto aqui. Somos obrigados a fazer referência ao terrível massacre que o estado sionista e nazista de Israel acaba de realizar, fuzilando centenas de pessoas famintas que esperavam comida em Gaza. Muito me admira que alguns democratas ainda acreditem em qualquer boa vontade do estado de Israel. Ainda não se deram conta de que a verdadeira intenção dos sionistas é exterminar todo o povo palestino para que o “povo de deus” ocupe o espaço que o senhor lhe destinou.