Os crimes do Telegram

Vivemos tempos sombrios. As redes sociais, que poderiam contribuir em grande medida para a difusão do conhecimento científico, incentivar a cultura e aproximar os povos têm, na verdade, servido para difundir fake news, ampliar preconceitos e incentivar os discursos de ódio e a violência.

Dentre as mídias sociais que mais têm contribuído para prejudicar as sociedades no processo civilizatório encontra-se o Telegram, aplicativo de mensagens que se notabilizou por agir à revelia da justiça, solapando a verdade em nome de uma suposta liberdade de expressão, sem nenhum controle, como se pairasse acima do bem e do mal.

O Telegram foi criado em 2013 pelos irmãos Pavel e Nicolai Durov. Dois milionários russos que acreditam que só a ultraliberdade na Internet, num verdadeiro vale-tudo cibernético, é que deve prevalecer, sem regulamento, sem freios, sem fiscalização. Foragidos da Rússia, eles abrigaram o Telegram em Dubai (Emirados Árabes), paraíso dos ricaços e longe dos braços da lei.

As organizações criminosas agem livremente no Telegram. A jornalista Luana Patriolino, em reportagem publicada em 24 de janeiro de 2022 no jornal Correio Brazilense, revelou que havia passado duas semanas frequentando os grupos de discussão do aplicativo. Em sua investigação, ela constatou vários crimes: venda de armas, comércio de drogas, pornografia infantil e apologia ao nazismo, entre outros.

Mais recentemente, a própria diretoria do Telegram desencadeou uma campanha nefasta contra o Projeto de Lei que tramita na Câmara Federal que visa a regulamentação das empresas de mídias sociais. O Telegram quer ser maior do que as esferas democráticas do Brasil.

Assim como os jornais, as rádios, e as redes de televisão, as mídias sociais também precisam de fiscalização da justiça e punição quando cometerem crimes. Caso a sociedade não reaja rapidamente, estabelecendo uma legislação de controle sobre elas, seremos reféns de criminosos que agem livremente em nome de uma falsa liberdade de expressão.