Quousque tandem Israel abutere …

Continua a ser o mais importante acontecimento do momento, a nível internacional, a agressão do Estado sionista de Israel ao povo palestino. O caso é tão grave que o conflito na Ucrânia passou para o segundo plano.

Estava escrevendo este texto, quando ouvi o discurso do embaixador de Israel na ONU. Revoltante e espantoso. E as agressões continuam partindo de membros do próprio governo. Como se atrevem? Os sionistas estão promovendo uma guerra de extermínio, um genocídio de um povo, e se arvoram em donos do mundo, ameaçando a todos, à própria ONU, e propondo a demissão do secretário geral Guterres. De onde provém tanta arrogância? Confiam-se no irmão mais velho, o desdentado imperialismo americano? Ou na meia dúzia de bombas atômicas que ilegalmente receberam de presente do fiel protetor? Querem provocar e fazer renascer o antissemitismo? Até quando abusarão da paciência do mundo?

Por enquanto, ainda estão contando com alguma simpatia que a causa judaica desperta, e que eles sabem muito bem explorar, por várias razões.

Em primeiro lugar existe uma certa repulsa em relação aos movimentos árabes, diante das ações de fanatismo religioso a que temos assistido, como os atentados realizados nos países europeus e as ações irracionais das tais brigadas islâmicas, que investem contra obras de arte, reuniões civis, templos religiosos, pessoas etc. Todos ainda estão lembrados dos atos terroristas do Estado Islâmico e das execuções transmitidas ao vivo, para todo o mundo, bem como a demolição de monumentos de grande valor histórico e a condenação à morte de todo intelectual que escreva críticas ao deus alá ou ao profeta Maomé.

Por outro lado, todos também lembram as perseguições que os judeus sofreram durante decênios e a maior delas, feita pelos nazistas, durante a segunda guerra mundial, conhecida como o holocausto, bem como os terríveis sofrimentos praticados nos campos de concentração e extermínio, coisa que os judeus fazem questão de relembrar e não deixar esquecer.

Junte-se a isto o poder econômico, concentrado nas mãos dos judeus em todo o mundo, o que lhes dá uma grande capacidade de influir nas ações dos governos, na propaganda e na mídia.

É preciso lembrar ainda a ideologia sionista, que, explorando a religiosidade do povo judeu, há mais de um século une e mobiliza toda a etnia espalhada pelo mudo, no ideal de construir uma pátria, um país judaico, sob o seu controle total. Não é por acaso que, por razões religiosas, escolheram a Palestina como a “terra prometida”. Para alcançar este objetivo, tudo se torna possível e permitido. Afinal, o “povo de Deus” deve ser conduzido de volta ao território onde habitou há séculos e de onde foi expulso.

A desastrada invasão feita pelo Hamas transformou-se em um pretexto para a continuação, por meios mais eficientes e rápidos, do extermínio dos palestinos, tratados como animais. Levantam-se dúvidas de como foi possível o eficiente estado de Israel, com seu aparelho de segurança tão sofisticado e suas forças armadas tão poderosas, não prever e impedir a ação. Acrescento a estas dúvidas uma ainda maior: não terá sido uma provocação articulada pelo próprio estado de Israel? Não seria o primeiro caso deste tipo de provocação. É difícil encontrar um caso de conflito no oriente médio que não tenha por traz o dedo de Israel que, aliás, já financiou, armou e treinou o próprio Hamas.

Com sua ação, o Estado de Israel comprova, mais uma vez, o seu caráter, sionista, fascista e racista, cuja intenção é exterminar o povo palestino. Esta é uma excelente oportunidade, e está em marcha, com a colaboração dos Estados Unidos, o apoio da culta União Europeia e a conivência de vários países. A mídia de todo o mundo continua a transmitir as imagens do “ato terrorista do Hamas” e pouco mostra da destruição dos bombardeios de Israel, até contra hospitais, escolas e instalações da ONU.

O pior é que, como dissemos na análise anterior, o primeiro abacaxi caiu no colo do, Brasil, presidente atual do Conselho de Segurança da ONU. Apesar da habilidade da diplomacia brasileira de costurar uma resolução capaz de ser aprovada, nada foi conseguido. Os americanos, usando a sua costumeira truculência estúpida, e em apoio ao seu aliado Israel, foram os únicos a votar contra, usando de seu direito de veto. A resolução proposta foi bloqueada.

Agora, estamos assistindo ao genocídio de uma população pelo estado sionista de Israel. Até parece que aprenderam com os nazistas os métodos que foram utilizados contra eles. E, com exceção de alguns protestos de intelectuais e de manifestações em vários países, o agressor, que, há mais de 56 anos, ocupa ilegalmente os territórios da Palestina, mesmo contra as decisões da ONU, encontrou o momento ideal para implementar seus projetos. Se nada for feito, Israel dominará totalmente a Palestina, e a população árabe, residente, será expulsa ou exterminada no genocídio que está sendo promovido.

Estamos assistindo à agonia do império americano, mas o preço que a humanidade está pagando é muito alto. Esta nova guerra que, segundo os sionistas israelenses, será longa, trará maiores perturbações à economia mundial e, certamente, nós, brasileiros, sofreremos as consequências. Existe a possibilidade de a conflagração expandir-se para outros países, incluindo o Irã, único que tem condições militares de confrontar Israel. Convém lembrar que nesta região se encontra o maior núcleo produtor de petróleo do mundo, e o nervosismo já se manifesta no mercado desta commoditie, com uma tendência de alta nos preços. Como a Petrobrás continua com sua política de paridade internacional, certamente elevará os preços dos combustíveis, com consequências para a inflação. Será um ótimo pretexto para o Banco Central (BC) retomar a elevação dos juros prejudicando o crescimento econômico e a política do governo. Não podemos descartar novo caos nas redes de comunicação e cadeias de valor, acelerando a crise, que o FMI espera que seja um “pouso suave”, mas que vem a caminho. Resumindo, o mundo poderá pagar muito caro pela aventura belicista do estado sionista de Israel.

Voltando à realidade interna, merece referência o encerramento da CPMI da tentativa de golpe, a qual apresentou seu relatório, pedindo o indiciamento de mais de 60 pessoas, inclusive do ex-presidente Bolsonaro e vários ministros e generais. O relatório já foi encaminhado às autoridades competentes para as providências legais.

Enquanto isso, continuam os debates sobre o ajuste fiscal e o temor que o déficit no orçamento seja maior que o previsto, com a queda da arrecadação. Continuam as pressões para o corte nas despesas sem que se indique qual tipo de despesa deverá ser cortado. Claro que ninguém sugere corte nas verbas das emendas parlamentares, nem nos juros da dívida pública, nem nos subsídios às empresas. As propostas são sempre para cortes na saúde, educação e programas sociais, ou seja, os pobres devem pagar a conta.

Mais uma vez, a complicada situação interna não pode contar com nenhuma ajuda de fora. Temos de resolver nossos problemas em um ambiente adverso, com o agravante de que, lamentavelmente, até agora, a barbárie está sendo vitoriosa e, para nossa vergonha, com a colaboração do ocidental mundo cristão e democrático.