Finalmente a Selic caiu

Continuamos a pagar o preço da irresponsabilidade criminosa do desgoverno bolsominio. A tarefa de reestruturar o Estado tem sido muito dificultada pela ação irresponsável e fanática do bolsonarismo que nada tendo a apresentar como alternativa às propostas do governo limita-se apenas a atrapalhar o mais possível. Eis o que a direita tem a dizer: nada. Para isto estão usando todos os recursos que dispõem particularmente seus representantes no congresso que infelizmente o povo elegeu. Tendo sido alijados do poder executivo e contando no judiciário com apenas as 2 vacas de presépio que conseguiram enfiar lá no STF, restou apenas o poder legislativo com a canalha que os representa nas duas casas do parlamento, infelizmente eleita pelo povo. Para nossa felicidade a milicada começou a retornar aos quarteis lugar próprio de onde nunca deveriam ter saído.

A Câmara continua moendo a reforma tributária enquanto alguns partidos do centrão negociam com o governo mudanças nos ministérios. É preciso abrir espaço para alguns que representam mais apoio efetivo. O nosso sistema presidencialista é uma aberração. Melhor seria se adotássemos o parlamentarismo. A negociação entre os partidos existe e é obrigatória, mas, ao assumir um ministério, o partido fica comprometido com o governo e deve defendê-lo, ou sai. Se o seu ministro faz besteira o partido é responsabilizado. No nosso sistema torto tudo cai nas costas do presidente e os partidos lavam as mãos como se nada tivessem a ver. Ficam os bonos, mas os honos são do Lula.

Enquanto rolam os entendimentos o Bano Central (BC) realizou a reunião do seu órgão, o Conselho de Política Monetária (Copom), responsável pelo estabelecimento da taxa de juros Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia). Esta é a taxa de juros de referência e é a taxa que o governo está disposto a pagar pelas suas dívidas. Ela serve de base para a determinação das demais taxas de juros do país e é utilizada para remunerar alguns títulos do Tesouro. A novidade é que desta reunião participarão os dois novos diretores indicados pelo presidente Lula. A decisão tomada foi de redução de 0,5% ficando agora em 13,25%. Descontando-se a taxa de inflação ainda é a maior taxa de juros reais do mundo. A decisão de 5 a 4 foi apertada, tendo Presidente Campos Neto votado pela queda. A alternativa era de uma queda de 0,25% Foi um alívio geral e provocou notas de apoio de várias Federações empresariais.

Embora a queda seja pequena sem dúvida será um estímulo para a recuperação da economia e ainda terá o apoio da safra recorde que está sendo anunciada na agricultura.

Houve na semana outro fato positivo para animar os analistas. A agência de classificação de riscos Fitch elevou o “rating soberano” do Brasil de “BB-“para “BB*” Ficamos agora a dois graus para atingirmos o tão desejado “grau de investimento” saindo da área de “grau de especulação” onde estamos atualmente. Para os capitais estrangeiros e para o Tesouro isto é muito importante pois mostra a confiabilidade do país no pagamento de seus compromissos e dívidas. A confiabilidade permite o lançamento de títulos da dívida pública negociados a juros mais baixos.

O somatório destes fatos contribuiu para o Fundo Monetário Internacional (FMI) alterar suas estimativas para o crescimento do PIB do Brasil. Em seu relatório Panorama Econômico Mundial (WEO) o FMI elevou sua estimativa de 0,9% para 2,1%.

Apesar destes dados positivos a maioria dos analistas e agências de consultoria espera uma desaceleração da economia para o segundo trimestre. Isto condiz com nossas análises pois a reação da economia a estímulos é lenta e o aumento da demanda ainda não foi suficiente para influir na atitude dos empresários.

Além disso, estamos integrados no ciclo mundial e este ciclo continua em sua fase de crise agravada pelas complicações da guerra Rússia Ucrânia e com a saída da Rússia do acordo que permitia a exportação de grãos pelos portos do mar Negro. Com a declaração de que os navios que por aí navegam passam a ser considerados alvos de guerra, as exportações serão suspensas. A atitude russa é justificada pelos ataques que estão sendo conduzidos contra seu território e áreas ocupadas. As novas armas fornecidas pelos países aliados dos EUA têm permitido estas ações.

Outro fato negativo tem sido a elevação das taxas de juros nos países da UE e nos EUA. Com a justificativa de combater a inflação que ameaça suas economias e com base nas mesmas cartilhas usadas por cá, os Bancos Centrais vem tomando esta atitude. O Federal Reserve (Fed), banco central americano, subiu sua taxa de referência de 5,25% para 5,5%, o mais elevado nível em 22 anos o que terá repercussões para sua economia.

Na zona do euro, onde a inflação atingiu quase o triplo da meta do Banco Central Europeu (BCE), assiste-se a um aperto monetário sem precedentes que já leva a uma crise de crédito que ameaça atirar a economia em mais uma recessão depois dos dois trimestres consecutivos de estagnação. Os dados preliminares já apontam para uma forte desaceleração nas encomendas e nas contratações das empresas de toda a zona. A situação tende ao agravamento.