Todos os homens do presidente

A primeira lição que se aprende no Exército é: a tropa reflete o seu comandante. Se aquele que está no comando é disciplinado, correto e cumpridor dos seus deveres, é seguido pela tropa da mesma forma. Caso o oficial seja desleixado, indisciplinado e propenso ao crime, grande parte dos seus comandados tenderá a proceder de maneira semelhante.

Jair Bolsonaro, que se jacta de ser oriundo do Exército, foi um péssimo militar. Insubordinado, conspirou para cometer um atentado na década de 1980. Com sua retórica agressiva e criminosa, abandonou a farda e começou uma exitosa carreira política. Chegou à presidência e continuou cometendo vários delitos, principalmente contra a democracia.

Durante o seu governo vários dos seus subordinados seguiram o péssimo exemplo. Conspiraram e agiram para solapar as bases da democracia brasileira. Atacaram a justiça e achincalharam o sistema eleitoral e, diante da derrota iminente do seu comandante, agiram abertamente para corromper a eleição presidencial de 2022.

O mais notório dos seus asseclas é o ex-ministro da justiça Anderson Torres. Delegado da Polícia Federal, Torres sempre apoiou as investidas antidemocráticas de Bolsonaro. Ao deixar a pasta da justiça, assumiu a Secretaria de Segurança do Distrito Federal. Ele foi, no mínimo, omisso na tentativa de golpe ocorrida em 8 de janeiro. Em sua casa foi encontrada uma minuta que daria respaldo legal ao estado de exceção. Está em prisão domiciliar.

Outro conspirador contra a democracia é o tenente-coronel Mauro Cid. Preso por ter fraudado o cartão de vacinação de Bolsonaro e seus familiares, Cid também é investigado pela PF por vários outros crimes, entre eles a participação ativa na articulação do golpe e a tentativa de resgatar ilegalmente joias milionárias para o ex-presidente. Está preso no quartel.

Por último vem Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal. Indicado para o cargo por Eduardo Bolsonaro, Silvinei agiu, mancomunado com Anderson Torres, no desencadeamento da megaoperação policial para dificultar o comparecimento dos eleitores na região Nordeste no segundo turno da eleição. Está preso na Papuda.

Por enquanto, esses são os celerados homens do presidente. Com o avanço das investigações, muitos outros surgirão. Eles entrarão para a história como traidores da pátria e criminosos comuns por seguirem fielmente o pior presidente que a república brasileira teve que aturar.